Medo de Voar

Fonte: Dennis Pagen - Trad. Sivuca - Data: 08/01/2011
Traduzido do livro Performance Flying de Dennis Pagen por Sivuca
 
O medo é uma parte natural do ato de voar porque é um mecanismo de defesa natural. Lá pelo seu primeiro ano de vida, (no segundo se você for muito lento) você percebe que dói cair no chão. O fato que podemos cair com nossas asas é óbvio para qualquer um que passou pelos primeiros momentos do aprendizado do vôo livre.
 
Assim, um razoável percentual de medo pode nos manter seguros funcionando como um alarme diante de situações que potencialmente possam ameaçar nossa integridade física. Isto pode ser bastante útil para ajudar a prolongar a vida e a saúde de um piloto. Entretanto, medo excessivo pode ser prejudicial. Qualquer pessoa que já está voando a algum tempo é capaz de citar casos onde um piloto pôs os pés pelas mãos e acabou se assustando com algum acidente ou algo próximo disto e terminou ralentizando seu progresso por algum medo incontrolável.
 
Use o medo natural para ajudar você a continuar voando seguro, veja como:
 
Escute quando ele lhe fala. Ignorar o medo é provavelmente patológico, afinal ele está lá justamente para chamar sua atenção. Vá então para o segundo passo.
Procure quantificar exatamente quanto de medo está presente. É a decolagem mais assustadora do que costumava ser? As condições estão mais difíceis que o normal? Existem fatores desconhecidos na situação? (novo equipamento, novo local de vôo). Procure determinar exatamente o que está causando sua ansiedade e então:
Concentre-se apenas neste ponto chave colocando todo o resto (ex: equipamento em ordem, condições de pouso em ordem, ventos ok, etc).
 
Procure determinar se seu medo realmente é razoável. Você está mordendo mais do que pode mastigar? Esta é a pergunta básica. É claro que durante o processo de aprendizado, temos de explorar um pouco nossos limites, porém esta exploração deverá estar mais para passos de bebê do que de gigante. Por exemplo, limite-se a ventos de 5 km/h a menos do que aqueles que você praticava antes de sua experiência negativa e vá aumentando bem progressivamente.
 
Se você está dando um passo maior que as pernas é razoável esperar pela próxima oportunidade. Se as coisas não estão tão graves, então vá para o próximo passo.
 
Suavize seu medo acessando a situação de forma lógica. Examine se o que você pretende fazer está além de sua capacidade técnica. Outros pilotos e (principalmente seu instrutor) podem lhe dar um feed back. É uma coisa boa se alguém decola antes de você e pode lhe informar sobre a condição e outros fatores. Procure encontrar um equilíbrio entre seu desejo de voar e a necessidade de adicionar novas experiências de forma gradua a sua vida. Se você decidir por voar, faça-o consciente de que tomou a decisão correta. Reconheça seu medo como um mero cão de guarda e voe com confiança. E sabe o que mais? Conquistar o medo é uma recompensa em si e aumenta o seu bem estar pós-vôo.
 
O último passo no processo de controle do medo é praticar o vôo dentro de seus limites com freqüência. Não tente conseguir o máximo a cada vôo, você perceberá que seu medo vai se manter em um patamar baixo se você usar o tempo aperfeiçoando suas habilidades durante cada etapa de seu desenvolvimento.
 
O medo tem estado conosco desde quando caíamos de árvores ou caçávamos mamutes senão antes. Temos medo de altura, do desconhecido, medo de errar em frente aos outros pilotos. O medo sempre estará conosco enquanto nos proporcionarmos novos desafios. Entretanto, aprender e adquirir experiência irá eliminar a maior parte dele.
 
Se você voar tempo suficiente, você não sentirá mais medo durante um vôo normal, podemos lhe garantir isto. O problema será apenas manter a consciência de segurança sem ter o Grilo Falante sussurrando no seu ouvido. Assim, qualquer medo que você sentir será apenas uma parte do ritual de passagem, use-o para guiá-lo para um nível maior de competência.
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