O uso do pára-quedas de emergência

Fonte: Silvio Ambrosini - Sivuca - Data: 08/01/2011
O uso do pára-quedas de emergência
 
O momento
 
Ao averiguar a impossibilidade de recuperação de um colapso, deverá o piloto imediatamente decidir pelo acionamento do pára-quedas de emergência ou comumente chamado de reserva. Trata-se de uma medida extrema que tem por único objetivo tentar salvar sua vida, e jamais deve ser utilizado se não for esta, a circunstância. Apesar de ser a última das medidas, não há nada de complexo na operação.
 
Primeiramente, puxamos a alça para destravar o pino de segurança e trazendo em seguida o reserva inteiro, ainda dentro da fraldinha para junto de nós. Se simplesmente o largarmos, ele irá abrir de qualquer modo, entretanto, procuraremos lançá-lo o mais longe possível para trás, num movimento de impulso largando a fraldinha com alça e tudo inclusive.
 
Após o reserva aberto o que não toma mais que alguns segundos, procure recolher o principal o mais rápido possível para evitar o pêndulo. Para tanto, agarre ambos os tirantes C ou B e puxe o máximo que puder até alcançar as linhas. Segure-as com uma só mão e vá recolhendo o resto como quando se vai dobrar o paraca. Recolha o máximo que puder até ter certeza que o velame estar totalmente embolado. Prepare-se para a queda. Muito provavelmente o rolamento será necessário a fim de evitar traumas maiores.
 
Os cuidados
 
A checagem do pino-trava a cada vôo é obrigatória. Já foram observados vários casos de pilotos que tem seus pára-quedas de emergência acionados no meio do vôo, por que este não inspecionara o pino. Este corre e o equipamento acaba por abrir, podendo provocar sérios acidentes.
 
A cada 6 meses o pára-quedas de emergência deverá ser aberto, arejado, inspecionado, redobrado e recolocado no container por uma pessoa de confiança, de preferência, VOCÊ.
 
Os seis meses que o nosso reserva passa fechado dentro do container, podem nos causar uma série de pequenos problemas:
 
1 - Magnetização das costuras e do tecido por eletricidade estática:
 
Alguns reservas são dobrados de uma maneira especial que atenta para esta possibilidade. O método afasta as costuras da borda por meio de uma dobra estrategicamente localizada. Contamos aqui, com a desvantagem do tempo de abertura que acaba sendo maior. O ideal, é fazermos a reabertura e arejada do velame a cada seis meses.
 
Apenas o fato do velame estar dobrado durante tanto tempo, dificulta e muito a abertura devido a acomodação e magntização do tecido.
 
2 - Apodrecimento dos elásticos:
 
Podemos imaginar facilmente as conseqüências, onde os elásticos que servem para manter as linhas unidas, funcionam aqui, como uma trava que pode impedir a abertura. Cruz credo!
 
3 - Acúmulo de detritos no container:
 
Não se espante, a quantidade de objetos como pedaços de mato, pedras e até objetos que podem escorregar do compartimento de carga da selete para o reserva é algo a se considerar com o devido respeito.
 
4 - Enroscamento das linhas:
 
O tempo passa, e a selete tomba prá lá, cai prá cá, bate aqui, vira ali. As linhas, coitadas lá dentro do container estão mais ou menos soltas. Tanto movimento pode acabar enroscando-as de maneira perigosíssima. Estamos certos de que ninguém quer descobrir isso quando precisar acionar o second-chance, não é?
 
Posição
 
Outro fator que podemos lembrar aqui, é a posição do container do reserva. Vejamos:
 
1 - Ao lado da selete: Desta maneira, temos o reserva sob fácil alcance e acionamento, entretanto, alguns problemas podem nos assolar:
 
a) As linhas do glider enroscam-se facilmente na alça podendo abrir o container indevidamente. Isto não acontece nas seletes que são projetadas para este tipo de disposição do pára-quedas.
 
b) A possível má distribuição de peso faz com que vários pilotos a rejeitem.
 
2 - Atrás da selete, no compartimento próprio: O mais usado, a alça fica um pouco mais para trás e basta o piloto "lembrar" onde ela está de vez em quando. Entre os problemas:
 
a) O piloto "esquece" que o reserva existe e acaba por passar um longo tempo sem verificar os dispositivos de disparo, (pino de segurança), que podem acabar abrindo sosinhos no meio do vôo (vai ser desleixado assim na conchinchina!).
 
b) Alguns pilotos dizem que podem não "achar" a alça numa emergência. Valha-me Deus!, numa emergência, achamos a alça até na gaveta do criado-mudo... Para evitar isto, basta testar a posição da alça de vez em quando. (de preferência, sem puxá-la).
 
3 - Na frente: Com certeza, o método mais seguro, onde você voa "abraçado" no reserva o tempo todo, o centro de gravidade está mais alto, ajudando o seu vôo, não se corre risco de enroscos e a inspeção do pino pode ser feita até voando. A desvantagem é aquele trambolho no colo. Além disso, os reservas que são comercializados aqui no Brasil, normalmente não possuem adaptação para esta posição.
 
Conclusão: Não importa muito a posição do reserva, o que importa é que o piloto tem um compromisso não só com a reabertura a cada seis meses, mas também a cada vôo, deve inspecionar o pino de segurança, devendo também pelo menos a cada 3 vôos, tentar alcançar a alça para memorizar a sua posição.
 
Nem o dispositivo mais seguro do mundo é à prova de desmazelo.


Sivuca
ABP - Associação Brasileira de Parapente - Copyright 2021 © Todos os direitos reservados.
CNPJ: 05.158.968/0001-64